Primeira postagem + Moby Dick - Herman Mellvile
abril 02, 2025Olá leitores, como estão? Estou muito feliz de estar fazendo minha primeira postagem. Vou começar com um clássico que marcou meu coração, li este livro no final do último ano e foi uma surpresa. Confesso que fiquei com receio ao comprar o livro, pois muitas pessoas descreveram uma experiência desagradável com a leitura (muitos alegaram ser monótona, cansativa e repetitiva) mas acredito que cada leitor é individual, então resolvi dar uma chance e vou contar para vocês a minha história.
Escolha da edição:
Antes de começar a leitura, procurei muito sobre a escolha da editora e tradução que me deixasse mais confortável e minha escolha foi o exemplar da editora 34. Fiquei tentada na edição da Antofágica que é robusta, com lindas ilustrações e bem avaliada, mas dei preferência na tradução de Irene Hirsch e Alexandre Barbosa de Souza que é bem renomada.
Lançado em 1851, Moby Dick, ou A baleia, de Herman Melville (1819-1891), se tornou um dos livros de aventura mais emblemáticos da literatura universal. A história do capitão Ahab, em busca de vingança contra o terrível cachalote que amputara sua perna, entrou definitivamente para a cultura popular, inspirando, entre outras criações, pinturas de Jackson Pollock e Frank Stella, adaptações de Orson Welles para o rádio e o teatro, um filme de John Huston, e até um blues do Led Zeppelin. Mas uma leitura atenta da obra-prima de Melville pode revelar as camadas mais profundas do texto, que deram ao autor o posto de maior prosador norte-americano do século XIX.
Um breve resumo:
A história se passa no século XIX na costa leste dos EUA. O narrador, Ishmael, faz planos de se inscrever a uma viagem de caça às baleias para fugir de sua melancolia, passando um tempo em alto mar. Em uma noite de passagem por New Bedford conhece Queequeg, a quem demonstra uma forte ligação. Juntos, embarcam no navio Pequod liderado pelo capitão Ahab. O que não sabiam é que, na verdade, o seu capitão além de seu habitual serviço, está em busca de vingança à baleia que o aleijou de uma perna. Desde então, Ishmael narra a história desse capitão em sua busca obsessiva e compulsiva pelos mares, sua tripulação distinta e traz um pouco de conhecimento sobre tais criaturas.
A história que inspirou o livro:
Na época em que se passa a leitura, no século XIX a extração do óleo da baleia era muito importante financeiramente para os EUA, onde o mesmo era queimado e funcionava como um petróleo em uma época em que não havia eletricidade, mantendo cidades e casas acesas e indústrias funcionando. Os cachalotes eram os mais abundantes quando se falava em coletar óleo, por isso eram o alvo desses homens. Devido a isso, foram aos poucos sendo extintos e os barcos tinham que ir cada vez mais longe para conseguir alcançá-los. Os tripulantes desciam do navio em botes e usavam arpões lançados à mão para golpeá-las, isso gerava um confronto face a face muito perigoso tendo em vista que as criaturas podem chegar a 20 metros.
No dia 20 de novembro de 1819 o navio Essex estava prestes a atacar uma criatura quando a sorte virou de lado, e o caçador virou caça. Pela primeira vez era vista uma baleia atacar um navio, indo em direção ao mesmo a criatura com cerca de 26 metros atingiu a parte frontal do navio e, não satisfeita, afastou-se e voltou ao ataque. Esse episódio deixou à deriva por 3 meses 20 tripulantes, obrigando-os a se alimentar dos próprios companheiros mortos para não morrerem de fome. Alguns relatos dizem que, após o cachalote atacar o navio ainda o ficou observando como se estivesse "saboreando sua vingança" antes de virar e ir embora.
Assim nascia a lenda da Moby Dick.
Cetologia:
A cetologia é um ramo da zoologia que estuda os mamíferos marinhos. Quem for ler o livro não deve se surpreender ao encontrar longas descrições e capítulos reservados à cetologia. Não só a cetologia, como também descrições sobre a pesca de baleias, utilização de arpões e ferramentas utilizadas. Muitos dos quais não se identificaram com a leitura citam essa parte como motivo, mas na minha opinião foi enriquecedor. Todas as descrições são bem colocadas, de fácil entendimento e que despertam muito a curiosidade do leitor. Em minha leitura pessoal, eu fiquei obcecada procurando por vídeos e imagens que me ajudavam a entender essas criaturas colossais e sua forma de vida. Inclusive, até desenhei as mesmas para poder visualizar melhor a leitura, e não me cansava de buscar curiosidades.
A leitura é rica quando conseguimos absorver algo do livro, todas as informações ali citadas não seriam de meu interesse se não o tivesse lido, mas foi muito interessante aprendê-las. O que mais temos hoje em dia são histórias boas, mas que não nos trazem nenhuma bagagem, nenhuma curiosidade ou conhecimento. E foi um dos motivos que fez a leitura valer muito a pena.
Múltiplas interpretações:
Mellvile conseguiu trazer para a obra uma profundidade imensa, em um único texto reúne ciência, ceticismo, mistério e filosofia. Há uma variável de interpretações para Moby Dick, como a batalha entre o bem e o mal, uma alegoria política (conflito de classes, expansão dos EUA com a caça às baleias), justiça e morte. Há também nas entrelinhas de seus textos referências a Homero, Shakespeare e até mesmo à Bíblia. Navegando em alguns fóruns, percebi que as interpretações não acabam e, parando para pensar, todas estão certas. Este é um grande clássico e qualquer interpretação dele é válida e individual.
Talvez em uma postagem separada possa trazer as diversas camadas discutidas sobre Moby Dick, pois são tantas as quais não caberiam aqui, e o melhor para quem quer começar a ler é tirar suas próprias conclusões.
Minha leitura:
Demorei cerca de 2 meses para terminar a leitura que, apesar de boa, é extensa. Nem todo livro por ser bom não deixa de ter seus momentos de dificuldade, e o que me pegou um pouco foi a crueldade com os animais. Hoje sabemos que essa prática é proibida e não existe mais, mas ainda assim nas descrições sentimos um pouco de aflição. Consegui, durante a leitura, aprender muita coisa. Dar risadas em poucos momentos e em outros sentir angústia. Os capítulos são curtos, o que nos dá uma sensação de respirar novamente, e isso é bom para um primeiro contato.
Um ponto favorável do livro é esse universo de opiniões e conclusões que podemos tirar, o que está nas entrelinhas. É uma leitura que vale uma futura releitura, mudamos constantemente e talvez lendo novamente possamos ter novas interpretações e conclusões, e isso para mim é especial. A descrição de detalhes, a forma com que ele prepara o ambiente para contar a história, sua visão profunda de todas as coisas, tudo de uma forma natural e que convida o leitor a entrar nesse universo, a fazer parte dele.
Todos os homens vivem envolvidos por ostaxas de arpão; todos nasceram com a corda no pescoço; mas é apenas quando são apanhados na súbita e traiçoeira reviravolta da morte que os mortais percebem os silenciosos, sutis e sempre presentes perigos da vida.
Essa foi minha experiência, acredito que a leitura de Moby Dick não vai agradar a todos, mas não podemos negar que é um grande clássico!
8 comentários
Oi, que lindo seu blog. Nunca li Moby Dick, achei essa edição lindissima. <3 Vou acompanhar muito aqui <3 https://tattooselivros.blogspot.com/
ResponderExcluirQue bom que gostou, fico feliz! É um livrasso, pra quem gosta de clássicos vale a pena conferir. Obrigada pelo comentário!
ExcluirQue maravilha de texto, Emília! Adorei muito a sua explanação sobre a obra e a forma de narrar sua experiência literária. Voltarei sempre. Abraço!
ResponderExcluirObrigada pelas palavras e pelo comentário, fico feliz que tenha gostado! Pode se sentir em casa!
ExcluirQue blog mais lindo e delicado. Seguirei por aqui, parabéns pela temática, uma fina literatura com certeza.
ResponderExcluirObrigada pelo carinho, seja sempre bem-vinda!
ExcluirOlá, Emília! Tudo bem? Que legal o seu blog! O texto sobre o clássico Moby Dick está excelente! Parabéns! Li Moby Dick durante a pandemia mundial de Covid-19 e fiz muitas postagens em meu blog com essas impressões que você descreveu muito bem. Ora sentia angústia, ora achava legal as passagens. Um abraço e siga adiante com seu blog. William Mendes, do blog Refeitório Cultural.
ResponderExcluirOlá William, tudo e você? Que bacana, depois vou procurar em seu blog suas impressões sobre o Moby Dick, é bacana ter essa troca de experiências! Seja sempre bem-vindo!
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