
Olá leitores, como estão? Estou muito feliz de estar fazendo minha primeira postagem. Vou começar com um clássico que marcou meu coração, li este livro no final do último ano e foi uma surpresa. Confesso que fiquei com receio ao comprar o livro, pois muitas pessoas descreveram uma experiência desagradável com a leitura (muitos alegaram ser monótona, cansativa e repetitiva) mas acredito que cada leitor é individual, então resolvi dar uma chance e vou contar para vocês a minha história.
Escolha da edição:
Antes de começar a leitura, procurei muito sobre a escolha da editora e tradução que me deixasse mais confortável e minha escolha foi o exemplar da editora 34. Fiquei tentada na edição da Antofágica que é robusta, com lindas ilustrações e bem avaliada, mas dei preferência na tradução de Irene Hirsch e Alexandre Barbosa de Souza que é bem renomada.
"Lançado em 1851, Moby Dick, ou A baleia, de Herman Melville (1819-1891), se tornou um dos livros de aventura mais emblemáticos da literatura universal. A história do capitão Ahab, em busca de vingança contra o terrível cachalote que amputara sua perna, entrou definitivamente para a cultura popular, inspirando, entre outras criações, pinturas de Jackson Pollock e Frank Stella, adaptações de Orson Welles para o rádio e o teatro, um filme de John Huston, e até um blues do Led Zeppelin. Mas uma leitura atenta da obra-prima de Melville pode revelar as camadas mais profundas do texto, que deram ao autor o posto de maior prosador norte-americano do século XIX."
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Um breve resumo:
A história se passa no século XIX na costa leste dos EUA. O narrador, Ishmael, faz planos de se inscrever a uma viagem de caça às baleias para fugir de sua melancolia, passando um tempo em alto mar. Em uma noite de passagem por New Bedford conhece Queequeg, a quem demonstra uma forte ligação. Juntos, embarcam no navio Pequod liderado pelo capitão Ahab. O que não sabiam é que, na verdade, o seu capitão além de seu habitual serviço, está em busca de vingança à baleia que o aleijou de uma perna. Desde então, Ishmael narra a história desse capitão em sua busca obsessiva e compulsiva pelos mares, sua tripulação distinta e traz um pouco de conhecimento sobre tais criaturas.

A história que inspirou o livro:
Na época em que se passa a leitura, no século XIX a extração do óleo da baleia era muito importante financeiramente para os EUA, onde o mesmo era queimado e funcionava como um petróleo em uma época em que não havia eletricidade, mantendo cidades e casas acesas e indústrias funcionando. Os cachalotes eram os mais abundantes quando se falava em coletar óleo, por isso eram o alvo desses homens. Devido a isso, foram aos poucos sendo extintos e os barcos tinham que ir cada vez mais longe para conseguir alcançá-los. Os tripulantes desciam do navio em botes e usavam arpões lançados à mão para golpeá-las, isso gerava um confronto face a face muito perigoso tendo em vista que as criaturas podem chegar a 20 metros.
No dia 20 de novembro de 1819 o navio Essex estava prestes a atacar uma criatura quando a sorte virou de lado, e o caçador virou caça. Pela primeira vez era vista uma baleia atacar um navio, indo em direção ao mesmo a criatura com cerca de 26 metros atingiu a parte frontal do navio e, não satisfeita, afastou-se e voltou ao ataque. Esse episódio deixou à deriva por 3 meses 20 tripulantes, obrigando-os a se alimentar dos próprios companheiros mortos para não morrerem de fome. Alguns relatos dizem que, após o cachalote atacar o navio ainda o ficou observando como se estivesse "saboreando sua vingança" antes de virar e ir embora.
Assim nascia a lenda da Moby Dick.
Cetologia:
A cetologia é um ramo da zoologia que estuda os mamíferos marinhos. Quem for ler o livro não deve se surpreender ao encontrar longas descrições e capítulos reservados à cetologia. Não só a cetologia, como também descrições sobre a pesca de baleias, utilização de arpões e ferramentas utilizadas. Muitos dos quais não se identificaram com a leitura citam essa parte como motivo, mas na minha opinião foi enriquecedor. Todas as descrições são bem colocadas, de fácil entendimento e que despertam muito a curiosidade do leitor. Em minha leitura pessoal, eu fiquei obcecada procurando por vídeos e imagens que me ajudavam a entender essas criaturas colossais e sua forma de vida. Inclusive, até desenhei as mesmas para poder visualizar melhor a leitura, e não me cansava de buscar curiosidades.
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A leitura é rica quando conseguimos absorver algo do livro, todas as informações ali citadas não seriam de meu interesse se não o tivesse lido, mas foi muito interessante aprendê-las. O que mais temos hoje em dia são histórias boas, mas que não nos trazem nenhuma bagagem, nenhuma curiosidade ou conhecimento. E foi um dos motivos que fez a leitura valer muito a pena.
Múltiplas interpretações:
Mellvile conseguiu trazer para a obra uma profundidade imensa, em um único texto reúne ciência, ceticismo, mistério e filosofia. Há uma variável de interpretações para Moby Dick, como a batalha entre o bem e o mal, uma alegoria política (conflito de classes, expansão dos EUA com a caça às baleias), justiça e morte. Há também nas entrelinhas de seus textos referências a Homero, Shakespeare e até mesmo à Bíblia. Navegando em alguns fóruns, percebi que as interpretações não acabam e, parando para pensar, todas estão certas. Este é um grande clássico e qualquer interpretação dele é válida e individual.
Talvez em uma postagem separada possa trazer as diversas camadas discutidas sobre Moby Dick, pois são tantas as quais não caberiam aqui, e o melhor para quem quer começar a ler é tirar suas próprias conclusões.
Minha leitura:
Demorei cerca de 2 meses para terminar a leitura que, apesar de boa, é extensa. Nem todo livro por ser bom não deixa de ter seus momentos de dificuldade, e o que me pegou um pouco foi a crueldade com os animais. Hoje sabemos que essa prática é proibida e não existe mais, mas ainda assim nas descrições sentimos um pouco de aflição. Consegui, durante a leitura, aprender muita coisa. Dar risadas em poucos momentos e em outros sentir angústia. Os capítulos são curtos, o que nos dá uma sensação de respirar novamente, e isso é bom para um primeiro contato.
Um ponto favorável do livro é esse universo de opiniões e conclusões que podemos tirar, o que está nas entrelinhas. É uma leitura que vale uma futura releitura, mudamos constantemente e talvez lendo novamente possamos ter novas interpretações e conclusões, e isso para mim é especial. A descrição de detalhes, a forma com que ele prepara o ambiente para contar a história, sua visão profunda de todas as coisas, tudo de uma forma natural e que convida o leitor a entrar nesse universo, a fazer parte dele.
"Todos os homens vivem envolvidos por ostaxas de arpão; todos nasceram com a corda no pescoço; mas é apenas quando são apanhados na súbita e traiçoeira reviravolta da morte que os mortais percebem os silenciosos, sutis e sempre presentes perigos da vida."
Essa foi minha experiência, acredito que a leitura de Moby Dick não vai agradar a todos, mas não podemos negar que é um grande clássico!